quinta-feira, abril 20, 2006

Impossível!!!

Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
“Parece Sexta-Feira da Paixão.
Sempre a cismar, cismar, d’olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe...

O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por ‘star contente! Pois então?!...”
Quando se sofre o que se diz é vão...
Meu coração, tudo, calado ouviste...

Os meus males ninguém mos adivinha...
A minha dor não fala, anda sozinha...
Disseste ela o que sente! Ai quem me dera!...

Os males d’Anto toda gente os sabe!
Os meus...ninguém...A minha dor não cabe
Nos cem milhões de versos que eu fizera!...
(Impossível, de Florbela Espanca)

O que eu poderia dizer desse poema? Lá estava eu, ontem, pensando nos meus dilemas, quando resolvi pegar o livro A Mensageira das Violetas, da Florbela. Abri aleatoriamente e caiu em Impossível. Simplesmente me senti traduzida.
E a poesia não me toca tanto assim, não é sempre que estou tão ligada aos versos. Mas eles têm me chamado, e me mantido por perto.
Faço-me a mesma pergunta que Kawachi e tantos outros, por certo, será que só escrevo quando algo me aflige? Não entrando no mérito da questão do quê escrevo ou a qualidade disso.