sexta-feira, junho 30, 2006

Personalidade de Chuveiro



A República Mixta - esquina (Foto originalmente do fotolog: www.fotolog.com/brunoiz)

O chuveiro da república em que moro é problemático. E não é uma questão individual, apenas. Há algo no coletivo chuveirístico nesta casa que os envolve numa aura de problematização.

Inquietação.

Que problemas seriam esses?
O que levaria um chuveiro a não se portar como deveria?

Quando cheguei a essa casa, vinda de um apartamento sufocante, cujo banheiro apertado ativava o botão de minha claustrofobia, o tamanho do banheiro era aliviante. Um dos motivos favoráveis à escolha desta casa e não outra.
O chuveiro esquentava demais. No inicio, aquela quentura agoniava, mas, com o tempo, fui acostumando – e todos da casa também, ou questão de inércia mesmo. O outro chuveiro, localizado na suíte da Srta. Olivieri, não esquentava o suficiente. Perceba o desequilíbrio na personalidade desses chuveiros, deslocados num mundo em que apenas têm que cumprir uma função sem nunca serem pensados.

Depois de muitos avisos de que aquela quentura em excesso desembocaria no fim da resistência do chuveiro, o pior aconteceu. Eu já previra que a fatalidade se daria no momento em que o frio chegasse. Tal qual pensei, sucedeu. O chuveiro pifou.

Após quatro dias, alguém tomou uma providência, comprando um chuveiro novo e chamando alguém competente para fazer a sua instalação. Um moço veio até a república e o fez, cobrando 5 reais. E ainda deu “uma olhada” no chuveiro da suíte, fazendo-o esquentar mais, não sei por que procedimento.

Não durou muito, apenas uma semana depois o chuveiro central parou de esquentar novamente.Sem muitos questionamentos, afinal, sou uma pessoa ocupada, passei a usar o chuveiro da suíte, afinal isso é uma república. Até que, alguns dias depois, o chuveiro 2 parou. Mas foi só uma questão de trocar a resistência, o que meu próprio irmão fez, que fácil.

Não durou. Alguns dias após o conserto, eu estava sozinha em casa. Resolvi tomar banho. Ao terminar, desliguei o chuveiro. Mas ele não parou de fazer o barulho que faz quando está ligado. E, do nada, deu uma jorrada de água. Que susto! Ele estava desligado, imagine a minha feição naquele momento apavorante.

Corri para o telefone.

- Srta Camargo? Meu chuveiro tá possesso! – e passei a narrar o que ocorria naquele exato momento com um chuveiro revoltado. Fui questionada da atuação de um eletricista aqui.
- Eletricista, encanador, mestre de obras...só falta eu chamar o pastor para vir aqui fazer uma oração! Isso já está no âmbito espiritual.
Durante toda essa conversa, que não durou mais que 5 minutos, o chuveiro desligado dava seu show. Após risos do outro lado da linha, recebi um conselho:
- Desligue a chave de força, mocinha!
Corri e o fiz.

O próximo que tomou banho lá teve o prazer de ter uma metade geladinha, pois o chuveiro esfriou.

O DIA EM QUE O CHUVEIRO 2 PAROU

E é incrível pensar na simbologia da data, porque eu tenho quase certeza que foi no dia 21 de junho. E que importa? Esse é o dia do início do inverno. (Somente pela minha formação discursiva que não profiro, ao invés destes parêntesis, despautérios lingüísticos equivalentes ao momento).

Frio...

(aguarde a segunda parte desta história, ela não terminou)